Sartre: entre a ontologia e a fenomenologia
A descoberta da existência na obra de Sartre é frequentemente relacionada com a perda do sentido, com a vertigem da angústia e da náusea em situações limite que colocam o mundo e tudo o que temos feito de nossas vidas em suspenção. No entanto, esta descoberta é também inseparável do que Sartre denomina “consciência orgulhosa”, uma atitude que, diante da suspenção dos sentidos habituais, decide assumir a responsabilidade pela existência e criar na ação o seu próprio sentido. Mas ser livre não significa que podemos fazer tudo o que quisermos, pois agimos em situações reais que não escolhemos e que constituem a facticidade da ação. A liberdade implica a responsabilidade pelas consequências reais de nossas escolhas e pelo modo como nossas ações afetam os outros que estão envolvidos em uma mesma situação. Não por acaso, Sartre elabora estas ideias durante o trágico período da Segunda Guerra. Para dar conta de expressar filosoficamente o drama desta existência que se move entre a liberdade e a facticidade, entre a angústia e a “consciência orgulhosa”, Sartre desenvolve como método uma “ontologia fenomenológica”. O objetivo de nosso curso é acompanhar de maneira introdutória a elaboração da “ontologia fenomenológica” na filosofia de Sartre, oferecendo ferramentas conceituais para compreender o problema da existência e da liberdade na obra deste autor que, não só como filósofo, mas também como dramaturgo, romancista e intelectual engajado, marcou profundamente o debate do pensamento contemporâneo.
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